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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Atento ao movimento transformador, Kamau aplaude Caravana


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Kamau absorveu o contexto de Laranjeiras e acrescentou sua música para transformar ainda mais experiência do projeto. (Foto: Celia Santos)


Quem vê Kamau combinando palavras e formando rimas de sentido impactante espera as sentenças rimadas de uma simples conversa com o rapper. Quem faz rap está fadado a conviver com o anseio da rima, assim como o humorista parece estar na iminência de uma piada, qualquer que seja a situação. O senso comum, entretanto, passa longe da figura de Kamau, cujas as rimas de suas composições são formadas apenas depois de um longo processo de observação.

Tal processo de observação mais parece uma filosofia de vida. Foi assim na Caravana das Artes em Laranjeiras, no Sergipe. Kamau, que já acompanhava o projeto à distância, conheceu a iniciativa de perto e só arrematou uma conclusão depois de passar pelas múltiplas experiências oferecidas em três dias de ação. Ele conheceu a metodologia aplicada, os professores, as crianças e a historicidade do município. Só então deu seu depoimento.

“Eu primeiro observo para saber realmente como eu posso acrescentar ao que está acontecendo.  Não é só jogar. Tem que fazer sentido para mim e sentido pro que já está acontecendo. Por isso eu fico ali no silencio observando e depois eu faço minha forma de barulho”, justificou. O barulho é melhor traduzido em sonoridade, porque Kamau entrou para a tenda das artes munido de improviso para acompanhar o som ritmado produzido pelas crianças do projeto com rimas a partir de palavras sugeridas pelos próprios alunos. Deu música.


Kamau fez rimas e testou o improviso com as crianças de Laranjeiras. (Foto: Celia Santos)

Kamau fez rimas e testou o improviso com as crianças de Laranjeiras. (Foto: Celia Santos)


A atenção de Kamau é para ver além do senso comum. Quando os olhos se deparam com as crianças aprendendo a andar de skate é mais que um esporte, o aprendizado a parte da experimentação é o que a Caravana do Esporte e a Caravana das Artes deixam como legado. “As vezes o equilíbrio no skate, se a pessoa não tiver o skate não vai servir naquele momento exatamente para o skate, mas pode servir para outra coisa, pode servir como um incentivo para uma outra coisa. Então isso também serve para a música para todos os outros esporte que estão sendo apresentados”, explicou o guerreiro silencioso, significado do nome Kamau em um dialeto africano.

É o movimento transformador que Kamau quer provocar com sua música. As letras ganham um significado único quando entendidas a partir da vivência de cada um. “A minha música faz com que elas se movimentem e ajam e pensem em coisas para fazer e vê o mundo de uma outra forma, então eu estou retribuído o que a música me deu”, afirmou.

O projeto ganhou um novo significado para o rapper, que incorporou sua experiência àquele contexto de Laranjeiras, tão distante da capital paulista onde nascera, mas com traços que o aproximam à medida que ganham sentido. “Recebi a história da Mussuca, de Laranjeiras, a energia dessas pessoas, uma energia nova sempre! A gente acorda cedo, passa o dia todo aqui, as pessoas vão se renovando e isso é muito legal”, reconheceu, admitindo em tom de confissão que acordar cedo não esteve entre suas atividades preferidas.


No meio dos pequenos! Os equipamentos do Caravana são acessíveis e ajudam no processo de aprendizagem antes de subir no skate. (Foto: Celia Santos)

No meio dos pequenos! Os equipamentos do Caravana são acessíveis e ajudam no processo de aprendizagem antes de subir no skate. (Foto: Celia Santos)


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