A mistura de cores era um arco-íris cultural. Eram convidativas e chamavam os olhos para diversidade. Uma infinidade de plumas, de corpos marcados, de traços precisos, tudo repleto de significado. Um mundo de saberes, cuja única entrada é por imersão. Assim é o encontro dos povos indígenas em Palmas, no Tocantins, no primeiro mundial esportivo voltado aos moradores da floresta.
A abertura do evento será nesta quinta-feira, dia 23, mas os participantes já estão reunidos. Eles aproveitam a Vila dos Jogos como espaço de troca cultural. Orgulhosos de suas próprias tradições, vestem-se com adereços e pintam a pele como forma de expressão. São representantes das mais diversas regiões do Brasil e de 23 países.
Diversidade de culturas e multiplicidade de saberes no primeiro encontro mundial de indígenas voltado ao esporte (Foto: Celia Santos)
Em plena era globalizada, a convergência tecnológica é notada, sobretudo entre os mais jovens. Munidos de celulares, os indígenas não perdem a oportunidade para registrar o momento histórico. As tradições foram passadas de geração a geração, sem ajuda de nenhum aparato tecnológico, porém eles não hesitam em registrar em bytes aquilo que seus antepassados têm na memória.
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Takuman Kamayorá irá competir em três modalidades representando a região do Alto Xingu, no Mato Grosso. (Foto: Celia Santos)
Takuman é da etnia Kamayorá, um jovem de 19 anos, que como tantos outros reserva sonhos no esporte. Vai competir em três modalidades e não esconde a satisfação em assistir ao encontro de tantas culturas em Palmas. O corpo do jovem indígena, cuja aldeia fica no Mato Grosso, porção Centro-Oeste do país, está quase integralmente coberto pela negritude do jenipapo, com formas circulares vermelhas feitas a partir do urucum. No rosto, a pintura se resume a alguns traços, mas são os grandes brincos que chamam a atenção. Ele participou da apresentação da dança de seu povo e em breve entra para a disputa do futebol, do cabo de guerra e do hukahuka, luta originária de seus antepassados, motivo de orgulho próprio e também dos parentes.
Da Oceania, veio o povo maori. Mulheres e homem corpulentos, que apresentaram disposição na voz ao cantar suas tradições. Uma canção dançante que empolgou representantes de outras etnias, curiosos e solícitos com os visitantes. Certamente, também ficaram animados os maori ao verem a dança dos Pataxós. São diversos indígenas vindos do sul da Bahia.
Maori é uma das etnias estrangeiras que marcam a convergência dos Jogos. (Foto: Celia Santos)
Entre plumas, colares e cocares, prevalece o respeito. Espera-se que o esporte mais uma vez seja o viés de união capaz de celebrar um universo cultural em um só local. Amanhã começam os I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.
Os pataxó mantém uma linguagem visual muito particular com a utilização de grafismo, traços geométricos e cores diversificadas. (Foto: Celia Santos)
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