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Foto do escritorInstituto Mpumalanga

Mulheres marisqueiras do mangue da Mussuca


O sustento vem do mangue; A força é das mulheres. (Foto: Celia Santos)

O sustento vem do mangue; A força é das mulheres. (Foto: Celia Santos)


A Mussuca

O povoado da Mussuca está distante 7km de Laranjeiras, no estado de Sergipe. É uma região remanescente de quilombo, cuja a influência da cultura afro-brasileira é grande no modo de ser das mais de duas mil pessoas que residem na comunidade. Não apenas a cultura quilombola influi sobre o espaço, mas também a força. Um dos principais pontos de resistência durante o período escravocrata permanece fortalecido graça a presença de homens e mulheres que não esmorecem frente as dificuldades.

As mulheres

É lá que mora Joelina, Maria, Joelia e Nilma, mulheres marisqueiras. O quarteto representa uma parte das mulheres que tiram o sustento do mangue, com a pesca de camarões e sururu. O trabalho é essencialmente artesanal. Não diremos manual, pois é preciso pernas fortes, além dos braços; cabeça boa, além da força.


As mulheres carregam a ancestralidade e a resistência dos povoados quilombolas. (Foto: Celia Santos)

As mulheres carregam a ancestralidade e a resistência dos povoados quilombolas. (Foto: Celia Santos)


“A lida diária dessas mulheres garante a fonte de renda e o fortalecimento de sua identidade. O trabalho , essencialmente artesanal, exige precisão nas mãos. Os pés, calejados pelo tempo, ficam cobertos pelos sapatos de tecido que protegem do mangue. Com dignidade elas garantem o sustento da família”, observou Adriana Saldanha, diretora do Instituto Mpumalanga.

As mulheres tem porte forte. Saem de casa e caminham juntas pela comunidade antes de chegar na região de mangue, quando trocam os chinelos pelos sapatos de tecidos. Usam calças por baixo das bermudas, camisas sem manga que deixam à vista os braços avantajados e panos sobre cabeça.

O mangue

Todo o traje ganha a cor negra com a chegada ao manguezal. A lama não permite grande diferenciação de cores das roupas. Quando atingem as águas, são cobertas até a altura do peito, mas mantêm os braços erguidos para esticar a rede. O resultado do trabalho é colocado em uma grande panela, que volta para a comunidade equilibrada na cabeça. O trajeto é cumprido quatro vezes por semana, de segunda à quinta, sem falha.


Os pés são cobertos com sapatos de tecido, mas a lama é inevitável. (Foto: Celia Santos)

Os pés são cobertos com sapatos de tecido, mas a lama é inevitável. (Foto: Celia Santos)


No fim do dia, uma alegria contida logo se transforma em dança. Os pés fortes que a sustentam a tradição das marisqueiras também sambam. E na dança se fortalecem para a nova jornada. “Apesar das condições mais adversas de trabalho elas conseguem transformar tudo em festa. Elas fazem tudo cantando”, explicou Clécia Queiroz, cantora e estudiosa de culturas regionais.


Elas entram nas águas sem cerimônia para esticar as redes. (Foto: Celia Santos)

Elas entram nas águas sem cerimônia para esticar as redes. (Foto: Celia Santos)


Nem todas as mulheres que trabalham com os mariscos o fazem por escolha. Muitas vão ao mangue pela falta de escolha. A ausência de oportunidades dignas no mercado de trabalho as direcionam para os manguezais. O preconceito também é remanescente do período colonial.

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