Pela lente de uma câmera semiprofissional, Melani Nicoli, de 9 anos, ajustava o foco para fotografar os colegas de semblante sério e concentrado em cima de um pequeno palco. Eles estavam munidos de argumentos consistentes e um microfone, com o qual protestavam melhorias para uma plateia dividida entre crianças, professores e curiosos.
Concomitantemente a realização da Caravana das Artes, projeto desenvolvido pelo Instituto Mpumalanga, e a Caravana do Esporte, o espaço nas imediações do Esporte Clube Noroeste recebeu o Fórum Infanto-Juvenil. O encontro reuniu representantes dos grêmios de diversas escolas públicas de Bauru, com o objetivo de avaliar resultados, mas principalmente de apontar problemas e soluções.
Melani Nicoli aprendeu cedo a brigar pelos seus direitos. O grêmio também a ajuda a alimentar o sonho de ser fotógrafa profissional.
Melani disparava sem fleche, explorando múltiplos ângulos. Quando questionada sobre o que acontecia, a resposta deixou claro que ela era mais uma das crianças integrantes dos grêmios estudantis: “A escola tem coisas para melhorar, mas são os alunos que fazem a escola”.
O tema em debate era a conservação do ambiente de estudo. Entre protestos sobre vidros quebrados e carteiras pichadas, os estudantes exigiam seus direitos. Com a câmera nas mãos, Melani parava para acenar positivamente com a cabeça cada vez que um de seus colegas levantava um problema. Na função de fotógrafa ela não só ajuda o grêmio, como também desenvolve habilidades para o futuro profissional que almeja: “Quero ser fotógrafa”.
Em gestão democrática, alunos aprender a reivindicar direitos, olhar os problemas de forma crítica e pensar em soluções.
Os temas debatidos naquele dia foram registrados em um documento oficial com a ajuda dos professores e coordenadores do projeto de grêmios estudantis e deve ser entregue ao prefeito em breve, após revisão das atas. O diálogo com a gestão municipal é mais um dos benefícios dos grêmios estudantis, que empoderam alunos e os tornam protagonistas do processo educacional.
“Ensinar a reivindicar faz parte do processo de educação para a cidadania. Só existe direito se houver reinvindicação. É uma ação de despertar de consciência para estimular o pensamento, o olhar crítico, isso é aprendizado”, afirmou acentuando a última palavra Alexandre Arena, coordenador do Instituto Esporte Educação, que atua na formação dos professores da rede pública.
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