Equipe pronta para mais um travessia da Transamazônica pelo Vozes do Purus!
Desde nossa primeira ação na Amazônia, em 2015, quando realizamos os projetos Caravana do Esporte e Caravana das Artes em Lábrea, a Transamazônica não configura mais uma novidade para nossa equipe. Resolvemos estender o atendimento indígena com o Vozes do Purus, uma ação que colabora com a preservação da cultura por meio de técnicas audiovisuais (linkado). Os moradores da floresta estão ganhando capacitação para captar imagens e editá-las de forma a registrar as tradições do ponto de vista indígenas.
A rodovia Transamazônica, no entanto, sempre reserva suas surpresas, uma vez que as condições da estrada são extremamente afetadas conforme a estação do ano. As chuvas da última semana deixaram suas marcas. Encontramos dois grandes atoleiros na viagem com cerca de dez horas de duração entre Porto Velho (RO) e Lábrea (AM). Encontramos também amigos dispostos a ajudar nessa travessia.
O município de Lábrea disponibiliza máquinas para tornar a estrada viável a passagem dos veículos. Apesar de a rodovia ser federal, a ajuda vem do município para que as pessoas e as cargas consigam chegar a Humaitá, cidade mais próxima.
A longa viagem pelo cenário amazônico nos trouxe uma inevitável reflexão sobre aquela rodovia, uma cicatriz dentro da Floresta Amazônica. Essa ferida que só permite o trânsito de veículos em uma parte do ano, quando não está inundada na estação das chuvas.
A Transmazônica foi construída a título de desenvolvimento para o Norte do Brasil durante o governo militar de Emílio Garrastazu Médici. O projeto inicial previa uma ligação entre Atlântico e Pacífico, mas o plano audacioso parou 600 quilômetros antes, em Lábrea, município sul amazonense.
Caminho que segue levantando poeira!
Desenvolvimento não é o que se vê. Desmatamento, sim. Porém em terras inabitadas, onde nem a agricultura nem o gado ocupavam espaço. Ao longo das terras cortadas pela Transamazônica havia comunidades ribeirinhas tradicionais e indígenas de diversas etnias. Segundo o Imazon (2013), após a abertura da rodovia mais de 14 milhões de hectares de vegetação nativa foram derrubados na Amazônia. Atualmente, a maioria das áreas nativas e ainda protegidas é formada por Unidades de Conservação ou Terras Indígenas.
As reflexões pelo caminho nos ajudam a entender a realidade dos moradores locais, ao mesmo tempo que nos fortalece para o trabalho realizado pelo Vozes do Purus. Em breve, seguiremos com nossa programação educacional nas aldeias do Médio Purus. Nossas histórias serão contadas, e a dos indígenas também. Por eles!
PROGRAMAÇÃO:
Vozes do Purus
O Projeto Vozes do Purus abraça as manifestações e tradições culturais dos povos indígenas como parte da Caravana das Artes – movimento que acredita no poder mobilizador da arte, na possibilidade de aprender e construir juntos, na valorização da cultura, na promoção dos ideais democráticos e da paz. A Caravana das Artes é um projeto itinerante que percorre todos os anos 10 municípios com baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e infantil (IDI), promovendo atividades artísticas entre crianças e jovens, além de capacitação de professores da rede pública. Uma metodologia que transforma a realidade de crianças e jovens em espaço e conteúdo para o aprendizado e, principalmente, valoriza o papel do professor como ator social com grande influência na comunidade.
Comments